domingo, 25 de novembro de 2007

Espiralou

Tão forte brilhou teu sol,
Que o chão se cobriu de nuvem...
A luz esfumaçada quase me queima a retina!
Chama rarefeita envolve o meu corpo
De mulher com jeito de menina.
E, de mim, fumaça cinza sobe em círculos
De infinito carbonizado...
Tal fumaça espiralada eclipsa tua luz.
Vejo, sem chuva, no ar parado:
Tua sombra errante não me seduz.

Que falta?

E te perdi, minha inspiração de cada dia
Na agonia que é não te encontrar dentro de mim
De não mais querer um vestido cor-de-jasmim
Nunca mais nada entra aqui no coração
Não estendo mais a mão
Deixo aquele trem passar
Sem acenar nem olhar pra trás...
E que falta nem me faz!

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Descortine-se

- I'm stuck. Does it get easier?
- No. Yes. It gets easier. The more you know who you are and what you want, the less you let things upset you...



E mais a gente ri de si mesmo, das situações que, até um tempo atrás, seriam absurdas ou até inimagináveis e hoje te divertem, te arrancam um sorriso de canto de boca ou até uma gargalhada solitária que ecoa na casa vazia. O mundo parece se abrir, te mostrar os caminhos que você deve seguir, porque você finalmente sabe aonde vai. Tudo te agrada mais: as músicas, os lugares, as pessoas, tudo parece ter finalmente sido encontrado por você, uma cortina que se abriu e revelou um espelho. Você finalmente consegue se ver.
Descobrir-se é a melhor coisa que uma pessoa pode fazer.
Aceitar-se é a melhor coisa que uma pessoa
deve fazer.
A estrada fica mais clara, porque você se conhece o suficiente pra saber a direção certa, e não mais se confunde com as bifurcações. Mais clara, e não mais reta. O melhor de tudo são as curvas...
E, às vezes, é claro, também é preciso se perder.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Passo em falso

As algemas que me prenderiam
Os braços por cima do travesseiro
São as mesmas que te aprisionam
No reflexo do meu espelho.
Quanto mais me afasto, menos te vejo
E maior o desejo de parar o passo.
Cada metro da fita aumenta um pouco o laço
Que se fará quando eu fugir do teu abraço
E te deixar ardendo de receio.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Caminho

Eu quero molhar cada estrela
Do teu céu-da-boca
Vazar pelos lábios e te deixar rouca
Escorregar pra dentro da tua roupa.
Absorver-me no encosto da cadeira
Teu colchão, a camiseta...
Escorrer pelo chão do quarto
Descer a escada, chegar lá embaixo
Fazer teu caminho de cada dia
E ser a poça que você passa por cima.
Evaporar na sola do teu sapato
Subir bem alto... chover em ti.
Penetrar tua pele, correr pelas veias
Te pulsar.
Percorrer teu corpo inteiro
E encontrar o caminho certeiro
De onde todo sangue vai parar.
Purificar. Permanecer.
Ah... como eu faço pra derreter?

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Elizabethtown

"Make them wonder why you're still smiling".


Às vezes, as pessoas nos mantêm afastados para não sentirem nossa falta se tivermos que ir embora. É a mesma coisa que deixar de ir à praia em um dia de sol, com medo que feche o tempo, ou deixar de comprar um sorvete, porque ele vai derreter. Deixar de fazer aquela viagem, porque sabe que vai ter que voltar à casa depois.
A maioria das coisas boas da vida dura pouco mesmo, mas isto é só mais um motivo pra que a gente não se prive delas e aproveite, guarde tudo na memória, para depois lembrar como foi bom e tentar repetir a dose. Voltar à rotina, fazer as mesmas coisas de sempre e, ocasionalmente, viajar para uma praia distante em um dia de sol, e tomar um sorvete.
Quem sabe, na volta, você encontre uma garota com um chapéu vermelho e ela faça a rotina valer mais à pena, quando você não tiver praia, sorvete nem viagem. Quem sabe até mesmo um funeral consiga arrancar de você um sorriso. Mas, por favor, não mantenha a garota e seu chapéu vermelho afastados. Por mais que ela precise ir embora um dia, lembre-se: ela mostrou-lhe a direção uma vez... Com certeza, saberá o caminho de volta a você.

Sopros ao vento

Eu durmo com o cantar dos pássaros
E, com o acender dos postes, desperto
Eu construo labirintos
E passeio no deserto
Eu vejo brilho no opaco
E inocência na mentira
Noto movimento no estático
E, em folhas secas, vejo vida
Eu sinto o sabor da chuva
E o calor do silêncio
Salpico a areia de estrelas
E, no escuro da noite, me perco
No reflexo do espelho, me vejo:
Nada mais do que sopros ao vento...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Levanta!

Sai da cama, dia de sol te chama!
Hoje não é dia de se entocar na cabana...
Não demora, daqui a pouco o sol desce,
O dia escurece e vira noite fria
Não espera que caia o dia!

domingo, 4 de novembro de 2007

E não de lágrimas

Que tempestade, que nada!
Eu quero é noite estrelada.
Sorriso molhado de água com sal...
Sorriso salgado de água do mar!