Tenho medo de que seja um caminho sem volta, pois me recuso a crescer. Não quero esquecer o que me faz bem. E concordo com Chaplin quando ele afirmou que o ciclo da vida está ao contrário. Deveríamos deixar para ser crianças depois... Quando já trabalhamos, já nos cansamos. Aí sim é que deveríamos descobrir o real sentido da vida. E sem esquecer.
domingo, 23 de dezembro de 2007
Voa à toa
Tenho medo de que seja um caminho sem volta, pois me recuso a crescer. Não quero esquecer o que me faz bem. E concordo com Chaplin quando ele afirmou que o ciclo da vida está ao contrário. Deveríamos deixar para ser crianças depois... Quando já trabalhamos, já nos cansamos. Aí sim é que deveríamos descobrir o real sentido da vida. E sem esquecer.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Mon petit prince
- É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. - significa "criar laços"...
- Criar laços?
- Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
(Le petit prince, Antoine de Saint-Exupéry)
E o mundo não é tão injusto, afinal. O "nunca mais" é seguido por um "era uma vez...", que sustenta um "para sempre". E que assim seja!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Nunca mais
O pássaros voam, fúnebres, sem cantar canções alegres, pois não pode haver alegria em um dia de nunca mais.
A cidade dorme, sem saber que nunca mais as coisas serão iguais.
Alguém maravilhoso se foi, para nunca mais.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Way away
Ver algo tão perfeito quanto não consegues ser, e quiseste.
Enxergar um fruto por ti cultivado nascer em terras estranhas, e ainda assim desejar o seu suco. Quão pecador serei eu por te desejar um céu tranqüilo, quando me foste tentação e demônio, e me apresentaste um purgatório tão silencioso quanto o teu querer?
Por que perto não há de ser?
Por que tão longe sem se afastar?
So far...
domingo, 9 de dezembro de 2007
Amanhã
Ora... porque nem sempre vale à pena esquecer-se do amanhã. Ele chega, sem pena e sem culpa. E é incrível como uma simples noite de sono pode fazer tudo parecer tão diferente, mudar as perspectivas de uma maneira brutal e avassaladora, transformar uma coisa boa em um erro indesculpável. Até mesmo a própria culpa o fazia sentir-se culpado, e ele não quis admitir que sua teoria havia falhado.
Resignou-se a deixar, enfim, que o mesmo tempo que trouxe o arrependimento o levasse embora, e esperou que chegasse o amanhã. Perguntou-se quantos amanhãs seriam precisos para apagar um ontem já remoto. Sem ter idéia da resposta, agarrou a culpa e a atirou longe, ela não o ajudaria em nada. Abriu os olhos, respirou fundo, levantou-se e foi embora.
Para não voltar.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Girl, what do you need that for?
And then I realize... No, I don't.
I don't need any egg anymore.
What would I need that for? When I already have such a beautiful family and amazing friends, when I live in a wonderfull city, when I know who I am and what I want... when I'm happy, finally.
All I think now is... well... screw the eggs.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Pequeno mundo meu
Penso comigo que nada é gratuito, e a felicidade comprada até que não me saiu cara. Porém (ah, os poréns), o começo é finito e acaba; conhecerás um pouco da dor. É inevitável: um dia ela chega, e por mim não será, por mim não será, e ora... quisera tanto eu te doer um pouco...
É tão verdadeira coisa que se dói.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Via de mão dupla?
Mania essa a minha de perder o que não se tem.
Cuidado para não se perder também.
domingo, 25 de novembro de 2007
Espiralou
Que o chão se cobriu de nuvem...
A luz esfumaçada quase me queima a retina!
Chama rarefeita envolve o meu corpo
De mulher com jeito de menina.
E, de mim, fumaça cinza sobe em círculos
De infinito carbonizado...
Tal fumaça espiralada eclipsa tua luz.
Vejo, sem chuva, no ar parado:
Tua sombra errante não me seduz.
Que falta?
Na agonia que é não te encontrar dentro de mim
De não mais querer um vestido cor-de-jasmim
Nunca mais nada entra aqui no coração
Não estendo mais a mão
Deixo aquele trem passar
Sem acenar nem olhar pra trás...
E que falta nem me faz!
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Descortine-se
- No. Yes. It gets easier. The more you know who you are and what you want, the less you let things upset you...
Descobrir-se é a melhor coisa que uma pessoa pode fazer.
Aceitar-se é a melhor coisa que uma pessoa deve fazer.
A estrada fica mais clara, porque você se conhece o suficiente pra saber a direção certa, e não mais se confunde com as bifurcações. Mais clara, e não mais reta. O melhor de tudo são as curvas...
E, às vezes, é claro, também é preciso se perder.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Passo em falso
Os braços por cima do travesseiro
São as mesmas que te aprisionam
No reflexo do meu espelho.
Quanto mais me afasto, menos te vejo
E maior o desejo de parar o passo.
Cada metro da fita aumenta um pouco o laço
Que se fará quando eu fugir do teu abraço
E te deixar ardendo de receio.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Caminho
Do teu céu-da-boca
Vazar pelos lábios e te deixar rouca
Escorregar pra dentro da tua roupa.
Absorver-me no encosto da cadeira
Teu colchão, a camiseta...
Escorrer pelo chão do quarto
Descer a escada, chegar lá embaixo
Fazer teu caminho de cada dia
E ser a poça que você passa por cima.
Evaporar na sola do teu sapato
Subir bem alto... chover em ti.
Penetrar tua pele, correr pelas veias
Te pulsar.
Percorrer teu corpo inteiro
E encontrar o caminho certeiro
De onde todo sangue vai parar.
Purificar. Permanecer.
Ah... como eu faço pra derreter?
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Elizabethtown
A maioria das coisas boas da vida dura pouco mesmo, mas isto é só mais um motivo pra que a gente não se prive delas e aproveite, guarde tudo na memória, para depois lembrar como foi bom e tentar repetir a dose. Voltar à rotina, fazer as mesmas coisas de sempre e, ocasionalmente, viajar para uma praia distante em um dia de sol, e tomar um sorvete.
Quem sabe, na volta, você encontre uma garota com um chapéu vermelho e ela faça a rotina valer mais à pena, quando você não tiver praia, sorvete nem viagem. Quem sabe até mesmo um funeral consiga arrancar de você um sorriso. Mas, por favor, não mantenha a garota e seu chapéu vermelho afastados. Por mais que ela precise ir embora um dia, lembre-se: ela mostrou-lhe a direção uma vez... Com certeza, saberá o caminho de volta a você.
Sopros ao vento
E, com o acender dos postes, desperto
Eu construo labirintos
E passeio no deserto
Eu vejo brilho no opaco
E inocência na mentira
Noto movimento no estático
E, em folhas secas, vejo vida
Eu sinto o sabor da chuva
E o calor do silêncio
Salpico a areia de estrelas
E, no escuro da noite, me perco
No reflexo do espelho, me vejo:
Nada mais do que sopros ao vento...
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Levanta!
Hoje não é dia de se entocar na cabana...
Não demora, daqui a pouco o sol desce,
O dia escurece e vira noite fria
Não espera que caia o dia!
domingo, 4 de novembro de 2007
E não de lágrimas
Eu quero é noite estrelada.
Sorriso molhado de água com sal...
Sorriso salgado de água do mar!
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Até logo
Os sentimentos que não eram teus
Os pensamentos que levaste embora
As palavras que me fogem da mente
Mas o aperto-de-mãos que não se deu
Depois do tempo que se perdeu
Ecoou no quarto vazio do meu peito
Quanto custa um adeus?
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Yes, I'm blue
Tanto
Porque ele esmaga as entranhas, despedaça o futuro, enche a vida de pontos de interrogação.
E realmente não há arrependimento maior do que aquele... Do que não fazemos.
O "eu te amo" que deixamos de dizer, o abraço que ficou só na vontade, o agradecimento que da boca não saiu, porque "obrigado" não é o suficiente.
Amanhã pode ser tarde, e isso só se aprende quando o hoje já não basta mais.
O maldito medo de se arrepender é o que destrói.
E dói.
sábado, 20 de outubro de 2007
Desaniversário
Ela acordou.
Ouviu.
Chorou.
Saiu de casa.
Andou sem rumo.
Voltou.
Não soube o que fazer.
Não soube o que dizer.
Desistiu de ser.
Deixou-se derreter.
Outra vez.
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Para nunca mais
Era bom amar, desamar,
morder, uivar, desesperar,
era bom mentir e sofrer.
Que importa a chuva no mar?
a chuva no mundo? o fogo?
Os pés andando, que importa?
Os móveis riam, vinha a noite,
o mundo murchava e brotava
a cada espiral de abraço.
[...]
Drummond
Teus braços me envolviam,
com força e sem culpa.
Tua dor me nutria porque era por mim.
Tuas mãos procuravam meu pescoço no escuro:
acariciavam e sufocavam, indecisas.
Me faltava o ar nos pulmões,
e dos teus eu roubava a vida.
Tuas mentiras eram pretexto
para a dor que exalava meu hálito
nas palavras ásperas do teu ouvido.
E as lágrimas escorriam, alegres,
pelo esgar que tu me causavas.
Os gritos na noite não sustentaram
a história que nós inventamos...
criada a partir de vento, na chuva,
e que terminou por si só,
num ódio disfarçado de amor.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Pela minha lei
Desacredito, pois sem crimes são os covardes, que não se permitem ultrapassar o próprio pensamento.
Ou serão estes os santos?
Talvez tudo dependa dos crimes que escolhemos cometer.
♪ E, pela minha lei, a gente era obrigado a ser feliz.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Com que direito?
Com mais lembranças no lixo
E a memória já não é boa
Quando se tem tanto pra lembrar...
sábado, 13 de outubro de 2007
Aquarela de palavras perdidas
Das perguntas sem resposta
E da máscara de espinhos.
Que ninguém acredite no reflexo do espelho
Nem esqueça o que há por trás do exoesqueleto
As armaduras sejam esquecidas na Idade das Trevas
E faça-se a luz.
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Cedo ou tarde demais
O que tinhas, e não quiseste me dar
Procurei em vão, porém
No lugar de quem não tem
Hoje, não preciso mais
De querências tão iguais
Aqui, achei a resposta
Das perguntas que havia feito
Nem na cama, nem atrás da porta
Bem distante do teu leito.
A palavra do dia é...
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
E a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre que o amor,
Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
Enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
Que não admite a rivalidade.
Eu poderia suportar, embora não sem dor,
Que tivessem morrido todos os meus amores,
Mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos
E o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
Não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
[...]
[Vinícius de Morais]
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Eu e a vida
No começo, não entendi. Me revoltei, perguntava seguidamente o porquê daquilo, e me convenci de que ela não fazia o menor sentido. Fiquei parada esperando as coisas voltarem ao lugar, e só me mexi quando percebi que eu teria que fazer isto. Arrumei a bagunça que ela havia feito, devolvi as tralhas às gavetas certas e fechei todos os armários.
Por algum tempo, eles permaneceram fechados, de modo a proteger meus pertences de algum desavisado. Então ela me disse que assim eu jamais desfrutaria os meus bens mais preciosos, me entregou uma chave e o cadeado abriu. Eu fiz uma bagunça maior com o que saiu de lá. Todos os monstros trancados no escuro por tanto tempo me assombraram, irritados com a luz do lado de fora da porta.
Ela foi paciente comigo. Fechou as cortinas, amansou minhas feras e foi dormir. Eu fiquei com o resto do trabalho e, vez em quando, ela resmungava um conselho ou outro da cama ao lado.
Aprendi a usufruir meus bens, criei uma convivência pacífica com as bestas do meu armário e até enxerguei alguma beleza nelas. Cedi para elas um lugar à penumbra, embaixo da cama. Às vezes, nós conversamos à noite.
E ela sempre ali, me ajudando a arrumar a bagunça, quando não fazia a dela, para me acordar de madrugada e pedir que eu limpasse a sujeira.
E então nós vivemos assim, dividindo o espaço, como duas irmãs que dividem o quarto.
♪ Well life has a funny way of sneaking up on you
When you think everything's okay and everything's going right
And life has a funny was of helping you out
When you think everything's gone wrong and everything blows up in you face...
(Alanis)
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Insônia
domingo, 7 de outubro de 2007
Das minhas confissões e confusões
Confesso que dei um passo a mais.
Confesso que olhei para os lados.
Confesso que, procurando, olhei para trás.
Confesso que demorei a entender a parada.
Confesso que também quis parar.
Confesso que andei mesmo assim.
Confesso que tanto fez, para mim.
Confesso que não saber onde estava foi o que me fez parar.
Confesso que estou andando para trás.
Confesso que não é o meu lugar.
Talvez eu mude a direção.
sábado, 6 de outubro de 2007
Penso, logo...
Não.
Penso, logo desisto.
Desexisto.
♪ Damien Rice - Volcano
♫ The Verve - Bittersweet Symphony
Quem?
Ela olhava alguém, e alguém me olhava também.
Por que ninguém se satisfaz com o que tem?
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Bom dia!
E são raras as exceções. Mas existem. Ah, sim, elas existem! E é tão bom reencontrar alguém que desapareceu do nosso dia-a-dia e perceber que certas coisas não mudaram, que a conversa flui naturalmente, que uma pessoa com quem você dividiu tanto não esqueceu a importância que você um dia teve na vida dela, e que, mesmo tendo visto alguns de seus lados mais sombrios, ainda gosta de você e te considera e respeita, apesar de. E que ela ainda lembra de coisas que você nunca imaginou que fosse lembrar, e vocês lembram juntos, e riem, e sentem até uma pontinha de saudade. E o mais importante é que ela soube que podia contar com você, se precisasse, e te procurou. E essas coisas me fazem ganhar o dia, mesmo tendo dormido duas horas, mesmo sabendo que a tarde vai ser corrida e cansativa e que a noite talvez seja tão longa quanto a anterior.
O dia valeu à pena!
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Devaneio
Enquanto corríamos descalços pela grama
E você me balançava
No pneu amarrado no galho
Da árvore de folhas vermelhas
E o Sol brilhava tanto
Que nenhuma nuvem ousou manchar o céu
Os cachorros latiam e brincavam
Tão crianças quanto nós
Nos deitávamos na grama
E falávamos de sonhos e de planos
E do que iríamos fazer à noite
Sem querer que anoitecesse jamais.
E agora o bosque está vazio
E eu acordada no meu quarto
Enquanto a noite cai.
Mas não se engane...
Hoje o final foi feliz!
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Na garganta.
- Onde dói?
- Aqui, bem aqui.
- Onde?
- Aqui dentro.
- Ih... dentro, é? Bem no fundo?
- Sim.
- Estava demorando... Rendeu-se, então?
- Sem querer.
- Sabe, eu avisei que não adianta tentar evitar...
- Funcionou, uma vez. Ou duas.
- Você acha mesmo?
- Claro... Você viu!
- Por favor... Se enganar, a esta altura?
- Não estou me enganando!
- Você só não acreditou. Isso não significa que não tenha acontecido.
- Mas, e se eu continuar não acreditando, então...
- Então o quê? Vai ignorar?
- Poderia.
- Poderia... Mas deveria?
- Não sei. Talvez. Acho que é melhor.
- Melhor para quem?
- Para mim.
- Você vai viver assim?
- Que é que tem?
- Não é vida...
- Mas assim dói menos.
- Medo de arriscar?
- Não, medo de entrar no jogo errado.
- E qual é o jogo certo?
- Boa pergunta...
- O jogo certo é aquele que você tem vontade de jogar!
- Mas quando já se começa em desvantagem...
- Vira-se o jogo!
- Mas eu não quero jogar! Só quero viver.
- Viva.
- Não é assim tão simples!
- Ora... Talvez você seja mesmo um caso perdido...
- Talvez... O que eu faço agora?
- Não tenha medo de ser você.
- Só isso?
- Só??? É o mais difícil! E é só o começo, também.
- Hum... Tudo bem... Mais alguma coisa?
- Sim, só uma.
- O quê?
- Boa sorte.
Além
Mas nunca aqui.
Nem com a luz alaranjada na minha janela, nem o amarelo dos postes, nem os faróis dos carros...
Nem a cinza espiralando como confete, e nem as duas primeiras estrelas do céu.
Tantas luzes, e nenhuma indica a direção.
Às vezes, procuro um atalho, mas desisto no caminho.
Onde estou eu?
Quantas possibilidades vou perder ao me encontrar?
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Cinzas e água do mar
Ora diluída, ora concentrada, ora saturada.
Uma solução.
Que reage a uns elementos
E a outros, não.
Sou heterogênea e polifásica.
Se me tiram o líquido, sobra o pó.
Se me tiram o pó, eu evaporo.
Pó cinza de tanta cor...
Cinza de algo que queimou.
Senhores do meu caminho
Mas, se te escolhi, não quer dizer que me governes
Não mudes a direção de tua busca
Não altere os passos do teu caminho
Minha escolha depende apenas
Do lugar aonde vais sozinho.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Impermeável
Ela molha e quase me afoga!
Ah, chuva indecisa...
Vou procurar outra metáfora
E me tornar impermeável.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Chegou ao chão
E me choveu inteira.
Não deixa a tempestade cessar dentro de mim...
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Irrecusável
Talvez
Mas há tempo, há tempo... Ah, o tempo!
Talvez eu não precise de tempo... Talvez não tenha tempo a perder!
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
(Des)acreditando
A ponto de não se saber onde termina um e começa o outro?
Ora... se eu duvido?
Não. Apenas não acredito.
E não me cabem julgamentos, pois o que são os sentimentais de hoje, se não os céticos de amanhã?
Mais Clarice
"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com as duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar..."
Medo de ser.
De arriscar, de cair, de subir alto demais.
E era esse medo que me fazia ser quem era: Uma pessoa limitada. Com limites impostos por mim mesma, numa tentativa de não acabar me perdendo por aí. Uma linha traçada no chão e dali não se passa.
E agora é mais fácil cair, não tenho mais onde me agarrar. É como se minhas pernas fossem rodas, afinal. Sendo duas, paradas perdem o equilíbrio. Então eu não posso mais parar!
Quando os antigos paradigmas me assombram, eu me desafio. Vejo até onde sou capaz de chegar. Com cautela, pra não cair. Com cuidado pra não atropelar ninguém por aí. Mas sem medo de sair da bolha, de chegar a lugares nunca suspeitados. Porque eu tinha medo de ir longe demais, mas não preciso mais lembrar do caminho de volta. De agora em diante, só ando pra frente. Não me prendo no passado, não vou repetir o seu erro.
Faço o que sinto, o que me faz bem, sem pensar no que perco, sem pensar no que ganho. Sem pensar. Sem tentar entender.
Porque viver ultrapassa todo entendimento.
domingo, 23 de setembro de 2007
Boa noite
Eu não sei, na verdade, quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor
Mas (nem) sempre encontro sorriso
E o meu paraíso é onde estou
Por que a gente é desse jeito
Criando conceito pra tudo que restou?
Meninas são bruxas e fadas
Palhaço é um homem todo pintado de piadas
Céu azul é o telhado do mundo inteiro
Sonho é uma coisa
Que fica dentro do meu travesseiro...
♪ O Teatro Mágico
Eu estava com saudades do meu travesseiro.
E dos personagens do meu conto de fadas...
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Tempestade
E devolveu meus bens,
Meu bem...
Caiu e te choveu em mim.
Chegou ao fim.
Mas veio fina, fina...
O que ela leva embora
Não traz tão fácil assim.
E eu não quero sair
Tão seca daqui.
Vou abrir os braços e esperar.
Tá na chuva, é pra se molhar.
Não quero nada pela metade.
Eu quero é tempestade!
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Agora
♪ Regina Spektor - Samson
http://youtube.com/watch?v=p62rfWxs6a8
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Corrente
O que virá, o que virá depois que o cortejo passar?
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Noite seca
A brisa é colorida de risadas.
O riso e a brisa, a brisa e a grama.
A grama nos pés descalços das minhas intenções.
E a torneira fechada, como se nada houvesse para escoar pelo ralo.
A torneira e a fumaça, a fumaça e a noite.
Ah, a noite de chuva que nunca caiu.
Pois sim, a torneira continua fechada...
E a mochila das costas, esquecida atrás da porta.
A nuvem escura tenta chover, coitada.
A mochila e a porta, a porta trancada.
A chuva cai, mas não alcança o chão.
Será que o céu está alto demais?
.
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Céu de Giz
E se as paredes são feitas de giz...
[...]
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ah, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz...
♪ (Chico Buarque - Beatriz)
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Tragicomédia
(Hipolito, o escritor fracassado)
A obra final só existe dentro de nós.
Nós somos os diretores, atores principais, coadjuvantes, críticos e platéia.
Somente nós ouviremos as vaias e aplausos.
Façamos da vida uma peça com cenário indefinido, itinerante.
E que, mesmo com seus dramas e tragédias, o riso prevaleça.
O riso de si mesmo, já que somos os atores.
Mas não atuemos.
Isto mesmo.
Muita gente gosta de comparar a vida com uma peça de teatro.
Mas o mais importante não é estar no centro do palco.
Muito mais verdadeiras são as emoções dos espectadores, que vibram, riem e choram.
E aplaudem.
Sejamos diretores, para comandar a história.
Sejamos atores, para contar a história.
Sejamos platéia, para sentir a história.
Sejamos críticos, para avaliar a história.
Mas, acima de tudo, saibamos tirar o máximo proveito de cada uma destas incumbências.
E saibamos rir de todas as cenas.
Mais vale viver uma grande comédia do que um teatro de máscaras.
domingo, 9 de setembro de 2007
Tropeços
Do coração a caminho do papel
Me faz tropeçar no que quero e acredito
Porque chegou a hora, enfim
Um tiro no escuro
Como se eu não esperasse o atentado
O atestado.
De tanto que pensei haver mudado
A confusão ficou tão clara
Não mais rara do que já foi um dia
A fumaça baixou, a neblina cessou
E a chuva caiu e te levou de mim
Minhas verdades tão seguras
Podem escoar com a água suja
Do sangue da ferida que eu abri
Que não doeu em você
E nem em mim.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Da janela
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Estrada torta
Numa estrada irregular, me mantive paralela
Às pegadas que deixavas.
Nem um passo para o lado,
Para o outro ou para trás.
Me atrasei, eu sei, às vezes...
Apesar de alguns tropeços,
Foi só apertar o passo pra poder te alcançar.
Não quis te perder de vista,
E não quis chegar mais perto
Nem sair do meu lugar.
Preferi não mais te ver
Sem permissão pra te querer.
E quando caiu a noite, foi difícil enxergar.
Depois veio o amanhecer, e pude ver.
Hoje me bateu uma vontade de querer você...
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Últimos segundos
Os ponteiros não se apressam
E a pilha ainda é nova...
Tic tac. Tic tac. Tic tac.
A cidade não se mexe
E ninguém bate na porta.
Tic tac. Tic tac.
Passos no corredor
Alguém entra no elevador.
Tic tac.
Está chegando a hora...
Tic.
Estou indo embora!
Tac.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Sobre aprender com os erros
- I know.
- What do we do?
- ENJOY IT.
Ela disse simplesmente que não queria que nós usássemos borracha em nossos desenhos. Nós ficamos abismados. Desenhar sem borracha, como?
Então ela continuou, dizendo que nós apenas começássemos com linhas fracas, que estas teriam sumido quando terminado o desenho. Explicou que, quando apagamos um traçado mal feito, tendemos a cometer o mesmo erro logo em seguida, e que assim nunca enxergaríamos onde tínhamos errado, nunca traçaríamos a linha idealizada.
(Sim, mas e daí?)
Aquela professora havia acabado de me dar uma lição de vida, e nem percebeu.
Provavelmente, na distração de uma tarde nublada de quarta-feira, nenhum outro aluno viu aquele pensamento do mesmo jeito que eu.
Percebi que, às vezes, nós gostaríamos de apagar os nossos erros para nos eximirmos da culpa de ter errado, para nos pouparmos das dores da conseqüência. Mas quantas vezes cometeríamos o mesmo erro seguidamente, sem, no entanto, termos tirado nenhuma lição dele? Esquecer não ensina. Esquecer não acrescenta. Esquecer não nos redime do erro.
Everybody's gotta learn, sometime.
Vambora!
Ninguém está.
O som da tevê invade o lugar...
Eu queria estar lá
Onde você foi agora.
Chega logo, não demora...
Antes que 'ocê vá embora.
Ralo abaixo
Tanto de mim
E eu, me procurando, num canto, no meio de tudo,
Parei, mudo, sem te querer tanto assim.
Agora, não mais me procuro
E me encontro em tanto lugar!
Em cada expressão, em tantos sorrisos,
Em cima do muro,
Nos novos amigos aqui e acolá.
Quando menos espero,
Em ti me vejo, sem procurar...
Cada parte perdida no canto da sala,
Na vala, num beco, no chão de qualquer lugar.
Vem, me ajuda a levantar!
Limpa a ferida que já vai cicatrizar...
Como roubaste tanto de mim
Se nem perto estavas para alcançar?
Do antigo futuro...
Quem me dera
Quem me dera um dia, abrir a janela
E sentir no rosto o vento litoral
Depois de ter curtido os seus dedos,
Admirado o charme da sua cara de sono
E seu cabelo amassado do amanhecer
Quem me dera pisar na areia
E ficar ao seu lado esperando a maré subir
-Senta e espera um pouco!
Daqui a pouco a lua vem!
Joaquina, Jurerê, Ingleses, Solidão,
Canasvieiras, Praia Mole, Daniela, Conceição...
Escolhe você! Pra mim tanto faz...
Até agora, ainda é tudo intenção
Você assim e eu sem mim
O que seus olhos pedem?
"
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
Quase Adeus
Dos pequenos prazeres
As coisas que nos deixam saudades é que são capazes de nos definir.
Aqueles passatempos de infância, as coisas que fazemos escondidos, a própria mania de se esconder para, em uma tentativa infantil, imaginarmos a diferença que nossa ausência faria no mundo.
A cêra derretida, os papéis queimados, as folhas secas pisadas no chão, o caule quebrado do hibisco, o espinho arrancado da rosa, a colher alisando a farinha de trigo, os dedos na tinta, a caneta no rosto da boneca, a borracha cortada, o cheiro do lápis de cor...
E tanto mais de mim pelos lugares por onde passei, e que me deixaram, mas que eu não deixei.
Alada
- aos gritos -
Sua alma feminina exigia liberdade
Presa que se encontrava
Aos tabus e à rotina...
Sufocada por cruel realidade
Decidiu que não mais recuaria
- um passo sequer -
Em seus sonhos.
Agarrada à necessidade
De ser nova... de ser outra
- inédita até para si mesma -
Olhou as agruras do passado
Como quem - no cais
Se exila do país
Chorou seus anseios
Estendeu as asas
- que já imaginava possuir -
Ganhou as alturas
Voou... Foi ser FELIZ.
(André L. Soares)
Clarice
[Clarice Lispector - Os Desastres de Sofia]
Jasmim
Então, viu-se invadida pelo medo. Arrependeu-se. Onde estava com a cabeça quando resolveu fazer aquilo? Dentro de poucos momentos, a vida abandonaria seu corpo, e a culpa era sua. Ela percebeu que não estava preparada para morrer. Sentiu-se estúpida e impotente diante de seu ato e, a despeito de tal pensamento, agradava-lhe a sensação de cada célula do seu corpo estar caindo no mesmo vazio.
Esqueceu seus receios e se concentrou na força invisível que a puxava para baixo. Só mais um momento... Mais um suspiro. Engolfou o máximo de ar que pôde à sua volta e despediu-se de si mesma. Perdeu o medo por completo.
Foi quando, de súbito, sentiu asas se movendo por baixo do vestido cor-de-jasmim. Lançou-as ao vento e, pela primeira vez na vida, alçou vôo. O ar passava despenteando seus cabelos, e ela gostou da sensação. Era quase como ser mais leve que o ar que enchia seus pulmões...
Sobrevoou a cidade, avistou sua rua se distanciando. Agora, seu bairro inteiro se perdia em meio ao caos, e ela pôde ver o mar além dos morros. "Vou sentir falta do mar..." Ela subia cada vez mais alto, para um lugar onde ninguém jamais poderia alcançá-la. O céu ia se tornando mais azul a cada metro que avançava.
Virou a cabeça para baixo, mas não abriu os olhos. Decidiu que, a partir dali, pensaria apenas no que aquela imensidão azul lhe reservava. O passado poderia continuar exatamente onde se encontrava naquele momento:
Abaixo de seus pés.
Tudo tem um começo...
E, depois de muito tempo sentindo falta de algum refúgio pras idéias, resolvi criar um espaço meu:
Uma aquarela não só de palavras, mas de pensamentos.
Opiniões, sensações, citações, emoções, confissões e confusões.
Basta diluir em água, misturar e... pronto. As nuances mais insuspeitadas.
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