sexta-feira, 30 de maio de 2008

Condicional

Eu me lembro, porque tentaste me fazer voar... e não conseguiste. Mas, em vez de insistir, compreendeste minha incapacidade de tirar os pés do chão e caminhaste comigo. Mal sabia eu que, se não fosse por mim, nem ao menos terias asas.


Quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor, o sabor de fel
É de cortar.

Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar todos os mistérios.

Sei, tanto te soltei que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar, quanta intenção
Eu vivia preso!

(Los Hermanos)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

A última

Mesmo quando subo, dou minhas escorregadas escada abaixo. Me perco no vício de dar mais do que recebo e, pra disfarçar, finjo que nada tenho a oferecer, e acreditam. Finjo que finjo que não peço nada em troca, e é tão mais fácil enxergar aquilo que queremos, mesmo que não seja nem remotamente verdade. Deve ser tão fácil para você se projetar em mim para se analisar com mais clareza, me pontuar com seus próprios defeitos para poder se julgar indiretamente, me usando de escudo. Talvez faça realmente bem pensar que você não é o único, mas eu peço. Cansei de ser reduzida ao pó que se esconde debaixo do tapete, e você não vai mais me fazer acreditar que esse é o meu lugar. Não me transforme no reflexo do seu espelho sujo, por favor. Tente me enxergar como sou, e não como você queria que eu fosse. A saída mais fácil é se distrair dos próprios defeitos exaltando os alheios, claro, meus parabéns. Mas, a partir de agora, você vai ter que escolher outra pessoa pra varrer pro canto da sala, outro alvo de julgamentos, outro assunto a ser discutido como algo a se consertar. Sou tão falível quanto você, talvez até menos. Porque eu me encaro de frente, eu não fujo mais de mim, eu não me projeto, eu me protejo. Eu vivo caindo e levantando, fico calejada, não sinto mais a queda do que a ascensão. Enquanto você, além de cair e preferir não levantar para evitar uma nova queda, ainda cava um buraco no chão e se enterra, com medo de que alguém pise em você. Se faz tanta questão de ficar onde está, eu não vou julgar, não vou tentar te salvar. Não espere que eu chegue com a pá. Não tenho a pretensão de dizer o que é melhor pra você. Eu te cubro com meu tapete.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Acho um pouco bom

Hoje eu não vou sair de casa
Hoje eu não vou pisar na rua
Hoje eu não vou trocar de roupa
Não vou sair de casa
Hoje eu não quero ver a rua
Hoje eu não quero confusão
Hoje eu não quero ver pessoas
Não vou sair de casa

Acho um pouco bom

Hoje eu vou ficar ouvindo música
Hoje eu vou ficar aqui dançando
Hoje eu vou ficar aqui na minha
Eu vou ficar sozinha.

(CSS)


Mais uma daquelas vezes em que as palavras fogem da minha boca pra sair de outra.

E já faz três dias.
E que falta faz uma cortina.




terça-feira, 13 de maio de 2008

When I come back, you'll know

Sei que fico uns tempos ausente de mim, depois retorno. Aonde vou, não sei... Quando volto, entretanto, pareço sempre saber onde estou e aonde quero ir. E isso não me bastava. Eu queria me ter em tempo integral, constantemente, sem faltas. Mas tem gente que realmente precisa de um tempo perdido para saber que chegou ao lugar certo, e eu desisti de tentar não ser uma dessas pessoas. Sou assim, aceitei, estou voltando. Não vou pedir pra que me esperem de braços abertos. Eu é que assim vou chegar, abraçando o mundo e quem estiver dentro do meu. Despeço-me finalmente do meu reduto secreto e impermeável e inicio o caminho de volta. Sem previsão de chegada, porém.




Drink up, baby down
Are you in or are you out?
Leave your things behind
'Cause it's all going off without you
Excuse me, too busy you're writing your tragedy
These mishaps, you bubble wrap
When you've no idea what you're like

So let go, jump in
Oh well, watcha waiting for?
It's alright
'Cause there's beauty in the breakdown
So let go, just get in
Oh it's so amazing here
It's alright
'Cause there's beauty in the breakdown

It gains the more it gives
And then it rises with the fall
So hand me that remote
Can't you see that all that stuff's a sideshow?
Such boundless pleasure
We've no time for later now
You can't await your own arrival
You've 20 seconds to comply...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

You only lose what you have gained.

Antes, eu diria que é no medo de perder que eu perco.
Hoje, digo que é no medo de perder que eu descubro que não tenho!

Mas eu oscilo entre opostos, um dia você percebe...
Auto-suficiência foi algo inventado, não vê? Ao perceber que não tenho, nada tenho a perder. E eu? Eu me dei. Agora posso parecer dependente, e depois quem me perde é você.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Probably not

De repente, me deu uma vontade de sair sem rumo na chuva... e me perder. Sem capas, sem guarda-chuvas, sem proteção. Sem garantias. Sem medo dos raios. Sem me importar com a gripe que vem depois. Sem esperar o tempo abrir. Quem precisa saber o caminho quando não sabe aonde quer chegar?

Maybe find some stranger and jump. Maybe not.
Who needs it, anyway?

One day I'll be okay, and then you'll see the real me.

domingo, 4 de maio de 2008

I'm okay with being unimpressive. I sleep better.

Talvez fosse melhor não ter a tranqüilidade de saber que as coisas ficam bem no final. Porque elas ficam, você sabe. Mas, às vezes, saber disso nos torna preguiçosos, nos tira o esforço de contribuir com essa melhora. E é tão difícil pensar de uma maneira diferente da maioria das pessoas, é tão difícil fazê-las acreditar que dar importância a coisas diferentes não significa não dar importância a nada. É que realmente o que importa pra mim não é impressionar, não é conquistar mais do que os outros. É simplesmente conquistar tudo o que eu preciso para ser feliz, ponto. Gosto do que gosto, do que me faz bem, sou feliz quando rodeada de pessoas queridas, quando não preciso explicar aos outros que realmente pouco me importa o que eles tanto prezam. Tenho tanto medo de me deixar conquistar por esse sonho médio imposto por sei-lá-quem, que às vezes penso que todo esse descaso seja só uma maneira de provar para mim que isto não vai acontecer. Esta minha falta de ambição deve realmente assustar muito as pessoas que se importam comigo e também com coisas que não me importam tanto assim. Talvez meus valores estejam deturpados... Ou talvez seja o contrário. Como saber? Não se sabe.


"Como aqueles que, no convento, varrem o chão e lavam a roupa, servindo sem a glória de função maior, meu trabalho é o de viver os meus prazeres e as minhas dores. É necessário que eu tenha a modéstia de viver." (Clarice Lispector - O ovo e a galinha)

Crash

Era como se realmente não importasse o modo como as coisas aconteciam, o importante é que elas acontecem. Por que afinal resolvera trazer aquilo à tona? A vida parecia escorrer escada abaixo, apesar da noite, apesar da chuva. A boca seca e a visão turva, a luz acesa e os vultos girando cada vez mais rápido ao seu redor. Decepções acompanham quem espera demais. E, na verdade, ela às vezes desejava algo frágil, pelo simples prazer de ouvir os estilhaços. Mas finalmente começou a doer. Finalmente seus pés deitaram-se sobre os cacos do que não quebrara, mas o sangue jorrou e cobriu o chão. A sede e a dor de cabeça, a insônia modorrenta e a necessidade de sonhar. Precisava escarrar algum pensamento, algum grito silencioso, algum pedido de socorro apertado nas entrelinhas, só para poder dizer que avisou, que ninguém se importou em entender. Tateava no emaranhado entorpecido que seus pensamentos formavam àquela hora da madrugada, desejando ardentemente que, logo de manhã, encontrasse solução para sua vida tracejada em lápis e papel. Talvez uma régua que ajudasse a formar uma linha cheia e reta. Ou quem sabe uma borracha. O que faltava era uma mancha de tinta, um pingo de chuva, uma gota de sangue, uma lágrima. Precisava se destrair de si, escrever uma estória com final trágico, ver seu sangue escorrer para ter certeza de que ainda havia algum pulsando em suas veias. Precisava derreter, transbordar, rachar, partir. Precisava quebrar a casca.


"This is nothing new
No no just another phase
Of finding what I really need
Is what makes me bleed
And like a new desease
She's still too young to treat."


Yeah, most of us need the eggs. Sometimes.

As everything as I am sometimes


[...]

I can be an asshole of the grandest kind
I can withhold like it's going out of style
I can be the moodiest baby
And you've never met anyone
As negative as I am sometimes

[...]

I blame everyone else not my own partaking
My passive-aggressiveness can be devastating
I'm terrified and mistrusting
And you've never met anyone
Who is as closed down as I am sometimes.

[...]

(Alanis)


I'm not asking for you to understand. I'd never do that. Just... please, don't give up on me now, I'm not myself. Don't give up on me.