segunda-feira, 30 de março de 2009

amarelo branco cor-de-rosa

Uma meia sem par,
do tamanho do meu polegar.
Esquecida no posto de gasolina.
Como caiu do pé da menina?
De quem foste, não sei.
Então por que te guardei?
Para que me lembrar
do que nem mesmo sei?

quarta-feira, 18 de março de 2009

Ela o olhou nos olhos e desviou. Quis dizer que o amava também, mas sabia que amava todo o resto um pouco mais. Foi confuso, no início, estar na posição de pessoa amada em uma relação unilateral. Mas ela deu um jeito. Decidiu que não corresponder também doía. Porque perdera a chance de amar, talvez? Ou porque a dor do outro a atingia? Tanto faz. O importante é que doía e, tão cedo ela aprendera a conviver com a dor, que tornaram-se companheiras - ela precisava sofrer para manter-se.
Desviou o pensamento da dor recém criada - e com a qual já se havia conformado -, resolveu voltar àonde estava. Pensou em dizer que era tarde demais, que ela quase o havia amado também, que eles andavam em passos diferentes. Não teve coragem. Pensou em outras explicações para o que não se explica, e, não sabendo o que fazer, teve a pior reação possível:
ela riu. Um riso nevoso, como se ri de humor negro: com culpa. Uma risada para quebrar o silêncio - e que quebrou algo mais.

domingo, 15 de março de 2009

um laço, um nó

você se lembra de uma pessoa com um sorriso e um nó de marinheiro no peito. por quê? porque ela foi importante. porque você foi embora - e ela ficou. e, principalmente, porque você pensa que nunca mais vai ouvir falar dela de novo. você guarda uma lembrança, uma folha de caderno escrita com caneta hidrocor, e sabe que nunca, NUNCA aquele papel vai ser esquecido. aquele pedaço rasgado de caderno que é a única prova física de que aquela pessoa importante realmente existiu, e de que ela também se importou com você. e, de repente, em um domingo de sol como tantos outros, BÁ! ela existiu mesmo, do jeito que eu me lembrava! ela é linda por dentro, por fora e está feliz. e eu também! as duas pontas da fita formaram, finalmente, um laço. um nó de marinheiro.