sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"Só não gosto de você estar sempre tão triste", ele disse, e ela se perguntou se era verdade. Era. Tentou descobrir o motivo da tristeza, e era como se a resposta estivesse pairando à sua frente, invisível. Sentia que havia um porquê, mesmo que não soubesse qual. Uns cinco anos depois, sentada sozinha em um ponto de ônibus, fez-se uma pergunta parecida. Uma segunda pergunta, que respondia a primeira.
Pessoas passavam, sem enxergá-la - sem querer ver. Nós somos invisíveis até o som do grito. As pessoas só enxergam o que querem, e o que grita para elas. Não gritei. Há algum tempo já não quero ser vista por quem não me procura.
Sentiu que eles eram tão parecidos - essas pessoas tristes, que sangram, que sabem demais. É tão ruim estar perto de algo profundo quando não se pode mergulhar.

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