domingo, 9 de novembro de 2008

Mais

Talvez, a primeira coisa que ele soube a respeito dela é que ela tinha medo. Ou talvez ele a tenha visto como alguém que segue em frente, apesar disso. Eu não poderia dizer, afinal, o que nela atraiu aquele menino com o coração tão grande, e tão mais forte do que ele acreditava ser. Sei que, desde o primeiro contato, ela sentiu que ele era especial. E os sentimentos dela não erram quando se trata desse tipo de coisa.
Comunicaram-se. E uma das coisas importantes que eu aprendi na faculdade é que a comunicação só se dá quando há entendimento. Eles realmente se comunicaram. Houve troca, houve identificação. E houve, sobretudo, entendimento. 

Por algum motivo, ela achou que ele não se via com muita clareza. Ele deve ter pensado o mesmo dela. Talvez tivessem razão, porque eles já começaram na essência. Não havia vozes, não havia rostos. Havia apenas o mais importante: os sentimentos. Aqueles sentimentos que se guardam na borra do café, no fundo de qualquer coisa, que precisam ser revirados com uma colher. Sentimentos que, por mera honestidade, descobriram-se verdadeiros. E eles se descobriram parecidos. E, por não se conhecerem, conheceram-se muito bem. Por não partilharem das banalidades cotidianas, por não dividirem os números desnecessários, por não se deixarem distrair com o supérfluo superficial. Há maneira melhor de começar a conhecer uma pessoa? Eles começaram por dentro. Pelas dores. Ele ainda sofria por um amor muito puro e bonito, que há muito veio a se perder. E ela sofria por outro tão impossível que nem ao menos chegou a nascer.
Eles dividiam angústias.
Mas não havia só dor. Dividiram tudo o que puderam. Gostos, histórias, lembranças, risadas, maneiras de ver o mundo e extrair aprendizado das coisas. E, assim, a amizade nasceu, tão pura que não sabia desejar nada além do bem.

Dividiam cada vez mais. Ela viu o homem por trás do menino sensível, e ele viu que aquela mulher não passava de uma menina que tinha medo da vida. Então, com o tempo, surgiu para os dois a necessidade de dividir mais. Mais do que havia sido possível até então. Mais do que palavras e imagens, mais do que idéias trocadas à distância. E a menina viu que tinha medo. Muito medo. Medo de perder o amigo, medo de confundir as coisas, medo que aquela necessidade indicasse que o sentimento havia mudado - o que ela, apesar de saber, ainda tentava esconder de si mesma. E medo, principalmente, de decepcionar o menino. Porque ela não sabia, ou tentava esconder de si mesma, que ele sentia o mesmo por ela. E ele tinha medo do medo dela. Medo de que isso a fizesse fugir.
Mas ela seguiu em frente, apesar do medo. E eles puderam finalmente dividir os rostos e as vozes, puderam finalmente dividir o mesmo ar. E dividiram os olhares e expressões e cheiros e sabores e borboletas no estômago. As mesmas borboletas, o mesmo casulo. Ele segurou a mão dela com tanta força que, naquele momento, ela soube que aquelas mãos não iriam mais se soltar. Apesar da distância que não tem piedade, apesar do tempo que teriam que esperar, eles só iriam dividir cada vez mais. E mais.
"Sweety, you can't disappoint me. Because, whatever you are, is exactly what I want."

12 Ficadica:

Unknown disse...

pelas minhas lágrimas tu sabe o que eu senti ao ler.
agora só consigo te dizer isso, mas sei que ainda vou ler outras zilhões de vezes e encontrar palavras que expliquem isso tudo.
EU TE AMO MUITO, MEU AMOR!

vans . disse...
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vans . disse...
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vans . disse...
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Leo Curcino disse...

muito bonito kall! muito bonito mesmo! baseado em fatos reais (rs)? parabens pelo texto e pela historia. finais felizes sao sem graça apenas no cinema. na vida real, eu torço pra que eles aconteçam sempre, principalmente quando se trata de gente que eu gosto!

:***

vans . disse...
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vans . disse...
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Anônimo disse...

ler isso me enxe de esperança. e você deve saber que tem horas que tudo que a gente precisa é de esperanças mesmo. ;)
toda felicidade do MUNDO pra vcs.
eu sempre me surpreendo com o tanto que me identifico com vc, apesar de nem nos conhecermos de verdade!
beijos!

FerSeiya disse...

Seus post são sempre demais...
Gosto mto do seu jeito de escrever...

Toh com mta saudade
Vem pra Campinas?!?!

Anônimo disse...

poxa... você escreve bem, garota.
tá de parabéns.
(:

beijo.

Victor Meira disse...

Bonito isso.
Sincero, singelo. Bacana.

Gostei. Vou voltar mais vezes.

vans . disse...

não tem problema se o blog apaga, eu falo de novo...
foi nesse dia em que tudo começou :)
adoro você, muito :*