sábado, 19 de abril de 2008

E que não abro mão.

Tive vontade de chorar, depois sorri. Minhas entranhas secas me fizeram quase guardar a lágrima póstuma em um copinho plástico daqueles de café. Teria guardado se houvesse um por perto. Meu coração parecia inchar e contrair além do corpo, e eu precisei olhar o céu para contemplar algo um pouco maior do que o que eu estava sentindo. A vontade de sentir - qualquer coisa, mesmo frio - me levou para fora do quarto, dei alguns passos e o parapeito me apoiou, como se assim eu pudesse chegar mais perto do alaranjado das nuvens mais lindas que eu já vi na vida. Eu sei que o sol nasce todo dia, mas não é todo céu que te entende, e aquele céu me entendeu. Desejei tão desesperadamente poder dividir aquilo que olhei para os lados, esperando que alguém emergisse do chão. Continuei e encontrei uma estrela quase tão solitária quanto eu - ela estava acompanhada de nuvens. E aí, eu senti. Eu soube. Nunca um alívio foi tão profundo e tão triste, nunca eu te havia ouvido tão baixo e tão alto, nunca antes um céu havia conversado comigo. E, naquele momento, eu fui a menina paralisada no frio do terraço, toda embebida em verdade, com as mãos geladas, que não quis esperar o sol nascer. E ninguém mais vai ser o que eu fui naquele momento. Ninguém vai sentir o que eu senti. Ninguém mais vai ouvir do céu o que ele me disse. Eu sei.

2 Ficadica:

Anônimo disse...
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Leo Curcino disse...

vc ta escrevendo umas coisas tao legais. me identifico cm varias frases.

saudade de vc. beijao!