domingo, 1 de junho de 2008

Girassol

E cada vez que uma parte eu capto de ti, desejo ser melhor pra poder chegar aos teus pés. Talvez nosso destino seja mesmo a separação por um muro de vidro que eu não quero quebrar, por medo de te olhar muito de perto e reparar nas tuas rachaduras, enquanto daqui és pura perfeição. E também para não ouvir teu grito por socorro, tão desesperado, sufocado pelas vozes na minha cabeça, pelo muro, pelo meu próprio chamado. Achato meu rosto no vidro, sinto a superfície fria e me afasto. E a tua esperança acende em mim, chama efêmera, e de novo eu te descubro porque te havia esquecido ao virar pr'outro lado. Teu grito silencioso fala alto e de ti me assalta a saudade, e o muro? O maldito, tão fino, tão fino, e eu prefiro não poder te tocar do que cortar minhas mãos e pisar nos cacos. Eu te vejo pular e dançar, escrever palavras no ar, mergulhar em pranto profundo, plantar as flores e despedaçá-las, bem-me-quer, mal-me-quer... Eu queria te querer um pouco mais. Tantas palavras que eu não ouvi, que não foram para mim, e você jamais se encostou no muro. Acenava de longe e às vezes gritava, sabendo a distância surda, me atirava pétalas por cima da barreira vítrea que se interpunha tão frágil, que jamais ousamos ultrapassar. Tem som de água corrente, gosto salgado na boca, tem cor de sol de verão. Nunca consegui ver tuas cinzas, que tanto tentaste mostrar, só sinto teu cheiro de flor. Tanto mais poderia afirmar, porém, ao invés, me pergunto:
Afinal, que tipo de amor?

2 Ficadica:

Leo Curcino disse...

oO

pirei! essa é a coisa mais foda que eu leio ha muito tempo. clap clap clap! parabens! parabens mesmo! ficou muito legal.

e olha... sei como se sente.

Rodrigo disse...

sometimes..so am i!